Centro de Investigação Sobre Desenvolvimento Humano e Educação Infantil

Desenvolvimento da comunicação, interação e relação afetiva nos primeiros anos de vida

Coordenador(a):Katia de Souza Amorim

Um primeiro ponto da referida linha de pesquisa, diz respeito à questão da comunicação. Estudos empíricos conduzidos sobre bebês em seus dois-três primeiros anos de vida têm apontado não só para competências de comunicação, como inclusive para participação em processos de significação culturalmente adequados, já no primeiro ano de vida. Porém, ancorados em referencial histórico-cultural, tais resultados mostram-se como pontos de contradição ao pensar significação no primeiro ano, entendendo-se que o bebê ainda não internalizou signos verbais. Essas questões levaram ao objetivo de aprofundar a investigação da significação e linguagem de bebês, de modo a se identificar apreensão e uso de signos através de recursos específicos da idade, outros que não os verbais. Para desenvolver esse objetivo, temos acompanhado aspectos referentes ao tema (recursos comunicativos, recursos comunicativos com diferentes parceiros, abreviação de comunicação e de significação, (trans)formação de recursos ao longo do primeiro ano, recursos em crianças com deficiências visual e auditiva,...), em relações e contextos diversos (creche, casa, abrigo, família acolhedora)O segundo ponto é relativo à questão da interação, vínculo e apego: Desdobrando-se de projetos anteriores e atuais do grupo, os quais vêm investigando o desenvolvimento da comunicação, linguagem, significação e afetividade em bebês e crianças pequenas, emergiram questionamentos referentes à interação e construção de vínculos nos primeiros anos de vida. Na literatura, essas questões têm passado, majoritariamente, pela Teoria do Apego de Bowlby. No entanto, uma série de questionamentos relativos a ela tem sido levantada: desde a quase exclusividade dos estudos centrados na relação da criança com a mãe; as psicopatologias anunciadas, quando a criança se encontra em ambientes não domésticos ou sem a presença da mãe; a falta de consideração a elementos culturais e contextuais; a metodologia que não apreende a dinâmica e os elementos sistêmicos e dialógicos que compõem as relações, dentre outros. Assim, no grupo, veio sendo interrogado sobre processos interativos da criança pequena com parceiros outros que não prioritariamente a mãe; e, se esses outros (inclusive pares) possibilitariam a construção de Zonas de Desenvolvimento Proximal. No bojo das interações, se e como estas resultariam na construção de relações afetivas - para além da mãe, como com o pai, pares de idade e funcionárias de creches, hospitais e abrigos? Ainda, como se dariam não só a construção, mas processos de (re)(des)coconstrução dos vínculos. Traçou-se assim o objetivo do presente projeto que é desenvolver um conjunto de pesquisas que busque investigar questões relacionadas a processos interativos; e, dentre estes, como se dá o estabelecimento, a (re)(des)construção e a manutenção de vínculos, em diferentes relações e contextos socioculturais. Para isso, vêm sendo conduzidos trabalhos (iniciação científica, mestrado e doutorado), na instituição (FFCLRP - USP) e na Universidade de Tampere (Finlândia) (com quem se estabeleceu um intercâmbio oficial entre USP – Universidade de Tampere). A meta é, assim, estudar tais processos em condições diversas, para se apreender indícios que possam indicar diferentes recursos, percursos e potencialidades no desenvolvimento.